Tuesday, December 05, 2006

A vida única

O mercado hoje traz bastante opção, mas continua difícil criar, produzir e ter acesso aos universos muito autorais. Às vezes nem é uma questão puramente material, mas muito mais de visão, de ponto de vista que gera novas atitudes; de vivência mesmo de uma realidade mais própria, menos standartizada.

Ter o próprio olhar sobre as coisas, sobre a vida, não é algo dado de graça, mas que é preciso ser conquistado, que exige sair da vidinha de jogar conversa/energia fora.É preciso encarar a nossa própria diferença. Sim, porque ninguém é igual a ninguém, não é? É algo que todo mundo diz como o papagaio: fala mas não vive. Viver a sua diferença pode ser doloroso sim porque a civilização privilegia o rebanho e o superficial; o mundo super populoso força a multidão, que é aquele espaço onde você desaparece. E aí a gente, e tudo que somos, barateiam demais.

Criar o próprio olhar é preciso para valorizar o que é próprio. Quem é carneirinho pode até se sentir atraído pelo diferente porque o diferente tem luz própria. Mas sempre guarda, no fundo, o ranço por um dia ter se permitido se render pela grande voz da sociedade, e por não ter tido força para dar voz à sua única vida.

Os filmes do Godard, a música de Devendra Banhart e do Animal Collective talvez sejam difíceis em muitas coisas ainda. (E cada um pode colocar aqui os seus artistas e suas artes favoritas).

Quem vê a vida como uma oportunidade para se conhecer também se torna difícil para os outros. (Porém aberto incondicionalmente para vibrações de mesma natureza.) Difícil, muito vivo e forte. E o que mais importa além de estar vivo na vida? Vida é amor, sabedoria, beleza, verdade, luz, alegria...